A peça, que estreou e fez temporada em Portugal, foi considerada "uma das 5 melhores de 2019" pelo crítico do Jornal dos Negócios.
A história de uma mulher que, mesmo criando 14 filhos na pobreza, nunca deixou de lado sua paixão pelas letras e o sonho de ser escritora, registrando toda a sua vida em diários.
Não é preciso retirar ingressos - a peça será transmitida ao vivo em: youtube.com/complexoduplo
Duração: 100 minutos / Classificação indicativa: 14 anos
Após a apresentação do espetáculo, haverá conversa os atores, com mediação de Paulo Mattos e provocação de Pedro Vilela A convite da plataforma de intercâmbio internacional Complexo Sul, os atores Keli Freitas e Alexandre Pinheirovão apresentar a peça “Osmarina Pernambuco não consegue esquecer”, numa versão adaptada para o gênero palestra-performance, tema desta edição do evento. A peça foi criada a partir do texto escrito previamente por Keli Freitas em forma de monólogo, durante o terceiro Laboratório de Escrita para Teatro do D. Maria II, em Portugal. Nesta nova versão, Keli contracena com Alexandre remotamente – ela em Portugal e ele no Brasil.
“Osmarina Pernambuco não consegue esquecer” foi escrita e concebida a partir dos diários reais de Maria Leopoldina Félix, mãe de 14 filhos e avó do ator Alexandre Pinheiro. Brasileira, nascida em 1919 e em luta constante contra a pobreza, Maria Leopoldina foi uma mulher comum que registrou, durante toda a sua vida, o seu cotidiano em diários.
A peça convida a olhar para o mundo através das anotações que ali resistem e projeta, no extraordinário compromisso desta mulher com a escrita, uma aprendizagem contra o esquecimento.
“Osmarina” materializava sua invulgar paixão pelas letras e o sonho de ser escritora em anotações autobiográficas em que a banalidade e a excepcionalidade da vida confundem-se a todo tempo: “Comprei peixe”; “Vou fazer doce de mamão verde”; “Dei à luz um menino lindo”; “Sylvio foi preso no início do mês”; “Sinto falta de mãos segurando as minhas mãos”.
COMPLEXO SUL
https://www.complexosul.com.br
Com curadoria de Daniele Avila Small, Felipe Vidal e Paulo Mattos, o evento vem reunindo desde o início de novembro artistas e pensadores da arte sul-americanos ao longo de quase dois meses em encontros, residências e apresentações de espetáculos, este ano em programação realizada virtualmente. Daniele e Felipe integram o coletivo teatral carioca Complexo Duplo (que comemora 10 anos), e Paulo Mattos é produtor cultural.
Nesta edição, o gênero “palestra-performance”(*) é objeto de investigação por parte de atores, diretores, dramaturgos, artistas visuais, músicos, críticos, professores e pesquisadores do Brasil (São Paulo, Brasília, Bahia, Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais), Argentina e Colômbia. O evento é uma realização de Itaú Cultural, Goethe Institut e Consulado Geral da República Federal da Alemanha no Rio de Janeiro.
(*) Palestra-performance é uma prática artística que tensiona e expande o formato da palestra acadêmica. É um sub-gênero híbrido da performance art e da arte conceitual, experimentado por artistas visuais, da dança e do teatro. A historiografia da arte costuma dizer que esse formato surgiu nos 1960 nos EUA, com artistas como Robert Morris, John Cage, Joseph Beuys.
KELI FREITAS – autora, diretora e atriz
É dramaturga, encenadora e atriz. Graduada em Letras – Formação do Escritor pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e mestranda em Estudos Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa. Vive em Lisboa desde 2017.
Em 2003 formou-se em artes cénicas pela CAL (Casa das Artes de Laranjeiras - RJ), e desde então tem uma vida atuante no teatro, cinema e televisão brasileiros. Trabalhou com inúmeras companhias, coletivos e encenadores como Enrique Diaz, Aderbal Freire-Filho, João Fonseca, Renato Linhares, Diogo Liberano, Pedro Brício, Jefferson Miranda, Paulo de Moraes, Cristina Moura, Antônio Abujamra, Dani Lima, Alex Cassal, Tiago Rodrigues, Lola Árias, Raquel Castro, Cláudia Gaiolas, Paula Diogo, entre outros.
Como dramaturga foi indicada para o Prêmio Cesgranrio de Teatro 2015 na categoria Melhor Texto Nacional Inédito por “Consertam-se Imóveis”, é também autora de outros 9 textos, encenados no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Lisboa, entre 2012 e hoje.
Colecionadora de correspondências de anónimos, desenvolve trabalhos autorais no campo da escrita quotidiana, como o projeto Carimbaria (Instagram @carimbaria), e as pesquisas académicas "Correspondências Literárias” e “Correspondência e Diário – Rastreando Escritas Literárias”, premiadas como melhor trabalho do Centro de Teologia e Ciências Humanas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 2017