Nara Parolini fala sobre carreira, teatro e novos desafios
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Natural da pequena Paranacity, cidade do interior do Paraná, Nara Parolini chegou no Rio de Janeiro aos 19 anos e deu inicio a trajetória nos palcos. Com o apoio da família, a mudança.  

 

"Vim pro Rio já matriculada no curso técnico da Cal, onde me formei em 2008. A Cal teve um papel importantíssimo, foi lá onde encontrei meus parceiros. Amigos em cena e fora dela, companheiros de ideais e ideias. Fundamos então, a ‘Outra Cia.’, eu, Carolina Ferman, Mateus Tiburi e Thiago Ristow, buscando uma forma e linguagem de teatro que nos representassem. Nesse percurso cruzamos com Gustavo Damasceno, que se juntou à nós e nos dirigiu em nosso primeiro trabalho juntos, ‘Baseado na Rua de Trás.", conta atriz. 

 

No espetáculo Cabaré Foguete Nara chamou a atenção do público carioca. A montagem assinada por Ivan Sugahara deu o que falar. 

 

"O Cabaré Foguete surgiu através da Ana Foguetinho, personagem criada durante uma oficina ministrada pelo Ivan, cujo objeto de pesquisa era investigar o feminino, o prazer e a prostituição. Devido ao sucesso da personagem Ivan acreditou ser possível contar a história dela, uma mulher batalhadora, amorosa, insaciável, que amou até tornar-se santa e tinha o dom de operar milagres sexuais. Então nós fizemos parcerias incríveis, e entramos no universo de Foguetinho, um trabalho extremamente colaborativo e de muita escuta e muito amor, coisa rara no teatro hoje em dia. O Ivan é um grande amigo, nos conhecemos em 2008, ele dirigiu meu espetáculo de formatura na Cal, e criamos vínculos muito fortes, desde lá temos feito alguns trabalhos juntos, é sempre um prazer estar com ele." Ressalta.  

 

E agora Nara chega aos palcos com um novo desafio. Se trata do espetáculo "Apocalipse Naquela Esquina ou A Corrosão do Caráter.", a nova montagem da Outra Cia. .  

 

"O texto foi escrito pelo Gustavo Damasceno e também é dirigido por ele. É um trabalho muito colaborativo também, essa é uma das principais características do nosso encontro. A peça é sobre pessoas com caráter falido, a degradação das relações humanas. O texto flerta com o surrealismo, um reflexo dilatado e distorcido da nossa realidade contemporânea. É uma comédia irônica, cheia de humor ácido. Fruto da necessidade de expurgar os traumas causados por esse modelo de sociedade fadada ao fracasso.", diz. 

 

 "Apocalipse" é a segunda parte de uma trilogia, iniciada com o espetáculo “Baseado na rua de trás". 

 

 "É um projeto que já estávamos pensando há quase dois anos. Iniciamos o ensaio há um ano atrás, ensaios esporádicos, há dois meses intensificamos nosso trabalho. Os ensaios são sempre momentos de descobrimentos, nosso grupo busca sempre a liberdade de cada ator, prezamos muito pra que todos os envolvidos possam ficar satisfeitos com o resultado.". 

 

 A atriz conta que o maior desafio da montagem é realizar o espetáculo sem patrocínio ou qualquer tipo de apoio financeiro. 

 

 "É um trabalho de guerrilha, nós acreditamos no que estamos falando, esse trabalho surge dessa necessidade. O que nos torna além de atores, também produtores da peça. Outro desafio pra mim, foi assumir o figurino do espetáculo, sempre tive fascínio por esse universo, e agora estou entrando de cabeça nesse mundo." Conta Nara. 

 

A artista revela ainda que  para compor essa história o elenco se  reveza s em todos os diversos personagens.  

 

"Faço uma babá que acredita amar a criança mais do que mãe, e acaba cuidando da criança como se fosse sua, uma relação doentia e demente. Também interpreto Uma Mãe que não tem amor nenhum pelo filho, é uma espécie de bruxa, uma licença onírica, uma personagem de sombra, com formas retilíneas geométricas. Dentro outros personagens menores, mas não menos importantes.", afirma. 

 

O público va poder conferir o espetáculo no Teatro Ziembinski, na Tijuca. Sábados e domingos, do dia 8 até o dia 24 de outubro, às 20 hs. 

 

O espetáculo é um convite a pensar que o modo como estamos organizados socialmente, economicamente e politicamente está ruindo, as relações estão se tornando cada vez mais superficiais, é uma tentativa de retratar o caos que estamos nos tornando como sociedade.

 

Por Alessandro Moura




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