Ela é catarinense, mas tem conquistado os palcos cariocas. A atriz Mitzi Evelyn foi chegando de mansinho, mas está crescendo e escrevendo sua história. Ela começou a fazer teatro muito cedo, quando tinha apenas 10 anos e desde então sabia que era ali que queria permanecer.
“Não lembro de pensar em ser outra coisa se não, atriz. Sabe aquela coisa infantil de querer fazer de tudo um pouco e parar? Ballet, esportes, enfim, foi assim com o teatro. Só que nunca parei, pelo contrário, sempre conciliei com os estudos. Tive a sorte de meus pais sempre me apoiarem, mas eles cobravam muito, principalmente boa notas.”, conta.
E ela não parou mesmo. Seguiu em busca dos objetivos e dos textos teatrais. “Há alguns anos atrás conversando com o André Briesi, um amigo escritor e roteirista, eu dizia que não tinham texto novos e ele, que não tinham atores para os textos. Rimos e decidimos criar um ciclo de leituras de textos teatrais inéditos que durou algum tempo, o "Quinteliê - às quintas, a gente lê" “ , revela.
E foi justamente durante esse momento que ela teve seu primeiro contato com um texto em especial
Alices. Isso aconteceu no ano de 2012.
“Eu me encantei com a forma que é contada a história dessa mulheres, e apresentei para a Carol (Carolina Stofella). Somos amigas há anos, já trabalhamos juntas e falávamos de trabalhar de novo,quando lemos o texto não tivemos dúvidas. Assim como não tivemos dúvidas em chamar o Leo (Leo Gama), para nos dirigir. É um grande amigo que eu sempre brincava, uma dia você vai me dirigir no teatro, até que hoje está mesmo!” relembra.
Assim foi o inicio do processo de um espetáculo que conta o encontro inesperado de duas mulheres desperta suas memórias e relatos de violências sofridas em seus relacionamentos. Inédito no Rio,
Alices foi escrito por Jarbas Capusso Filho e inspirou a montagem homônima que tem direção de Leo Gama. A partir do texto original e relatos das atrizes Mitzi Evelyn e Carolina Stofella, o espetáculo traz à tona o debate sobre a violência e impunidade contra as mulheres no Brasil.
Leo Gama é mais uma surpresa na montagem. Ele trabalha na TV Globo há 30 anos e atualmente é Gerente Artístico de Pesquisa de Criadores, que abrange o corpo criativo da emissora com autores, diretores e assistentes de direção. Essa é a estreia de Leo como diretor, e as atrizes agradecem.
“E que presente a direção do Leo, ele tem uma bagagem imensa e trouxe tudo isso para nós. É uma direção cuidadosa, trabalhou muito com nós, atrizes. Junto com a Ana Abbott, o Leo cuidou de cada detalhe, tivemos um processo incrível de preparação. É uma peça que nos diz muito dessa violência que nos assombra há tanto tempo e que está tão em evidência agora.
E é de forma contundente que o texto é levado para a cena, mas com a poesia que só o teatro promove. Uma reflexão no palco sobre a violência que ainda destrói tantas mulheres.
“São duas mulheres que sofrem o extremo da violência e passam a se reconhecer nas suas fraquezas e suas forças. Elas se questionam, questionam o mundo ao redor mas ao mesmo tempo, tem uma leveza muito grande. Precisamos falar sobre isso, esta pulsando em todas as mulheres essa dor. As
Alices somos todas nós e levar aos palcos isso, é a nossa forma de encarar o problema, sem bandeiras e sem pretensões.”
O espetáculo
Alices segue temporada até o dia 28 de junho, no Teatro do Leblon, terças e quartas, às 21h.
Texto e entrevista: Alessandro Moura