Na cozinha real da Casa Rio, em Botafogo, o solo “Eu, Mãe”. Na montagem a atriz e dramaturga Cristina Fagundes documenta para as filhas, seu assombro com a passagem do tempo e com a recente maternidade. Cristina tem 43 anos de idade e 23 anos de profissão. Aos 38 anos foi mãe de Nina, hoje com cinco anos, e, com 39, quase 40 anos teve Bruna, que hoje está com três anos. Ela brinca que foi mãe velha.
“Ser mãe é algo tão intenso, é um giro de 360 graus na vida de uma pessoa, são muita fichas que caem. Então, como sou dramaturga, resolvi escrever um solo para falar da minha experiência pessoal.”, revela Cristina.
Longe de ser mais uma peça sobre as dores e as delícias de ser mãe, Cristina, que também assina a direção com Alexandre Barros e Daniel Leuback, diz que a montagem vai além dos clichês e aborda com delicadeza e humor outras reflexões profundas e tocantes como a passagem dos ciclos da vida.
Com uma encenação hiper-realista, que utiliza a cozinha, como cozinha mesmo (a atriz inclusive passa um café ao longo da peça) e uma dramaturgia sem personagens, a artista abre a sua fala oferecendo ao público presente um chá de capim limão, como se estivesse realmente em casa.
“Escolhemos fazer a peça num ambiente muito aconchegante, uma cozinha real na Casa Rio, um lugar que parece uma pousada porém fica no coração de botafogo. É uma peça intimista, para apenas 25 pessoas por sessão. Este ambiente proporciona o acolhimento necessário para a profundidade das questões abordadas na peça e ajuda a criar o clima delicado e cheio de verdade que é o tom da peça.”, conta Cristina.
E quando falamos de identificação, a atriz diz que nunca fez um espetáculo que gerasse tanta emoção no público. É um montagem que vai muito além da maternidade.
“Estou muito feliz de falar sobre maternidade, precisamos acolher as mães, pois não se fala no rojão que é virar mãe, é um susto, uma coisa tão intensa, é como se você estivesse estudando para uma prova mas ela nunca chega. Mas minha peça não é apenas mais uma peça sobre maternidade, ela vai muito além pois ela parte da maternidade para pensar sobre a vida, sobre nossas escolhas, sobre o passar do tempo, sobre o amor em família, abordando questões profundas como o que nos faz feliz, até quando somos jovens, quando a balança vira e passamos a ser pais dos nossos pais. Enfim, são muitas reflexões e as pessoas ficam realmente muito emocionadas.” diz a atriz.
E quando acaba o espetáculo a atriz é surpreendida com os abraços e as lágrimas de quem se envolve e mergulha nesse universo intimista com sabor de chá.
“Algumas mães me procuram ao final de peça, agradecidas. Mas pessoas que não são mães nem pais também tem chorado e se emocionado com as questões relacionadas ao passar do tempo na peça.”, reflete.
O espetáculo segue temporada até dia 10 de outubro e a atriz deixa o convite: “Queridos, venham assistir “Eu, Mãe”. Vamos falar do amor pela família, da passagem do tempo, de como amamos nossos pais e filhos e tomar um chazinho de capim limão e comer uma fatia de bolo numa charmosa cozinha real. Que tal? Espero vocês!”